Firelight Media anuncia ganhadores do Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento de 2023–2024

Firelight Media
6 min readFeb 8, 2024

Em sua quarta edição, o fundo internacional proporciona apoio financeiro para que cineastas em meio de carreira possam pesquisar e desenvolver os materiais necessários para a captação de recursos.

Firelight Media, o principal destino para o cinema de não ficção de e sobre comunidades minorizadas, tem o prazer de anunciar os ganhadores do Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento de 2023–2024. O Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento foi criado em 2020 para apoiar documentaristas em meio de carreira provenientes de comunidades racial e etnicamente sub-representadas nos EUA e na América Latina, com ênfase especial em cineastas afrodescendentes e/ou de comunidades indígenas. O Fundo foi criado para lidar com os persistentes obstáculos estruturais que muitos cineastas minorizados enfrentam após a produção de seus primeiros filmes, para que assim possam permanecer na área e continuar criando histórias visuais que se concentram em indivíduos e tópicos sub-representados.

O Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento inclui subsídios individuais de US$ 25 mil para apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de um filme de não ficção. Os fundos podem ser usados em pesquisas e no desenvolvimento de tratamentos de filmes, decks, amostra de trabalho, materiais necessários para a captação de recursos e outras necessidades essenciais que os beneficiários possam ter, incluindo despesas com saúde e cuidados infantis ou outros recursos que a Firelight Media considere fundamentais para a produção de trabalho criativo.

Os beneficiários de 2023–2024 incluem cineastas do Brasil, da Colômbia, do México e dos Estados Unidos. Seus projetos cinematográficos tratam de temas urgentes, o que inclui a crise climática, a evolução da compreensão da identidade de gênero e o impacto da modernização e da influência ocidental sobre as comunidades indígenas.

“A lista de projetos desse novo grupo de cineastas demonstra o quanto nosso mundo está interconectado”, disse Marcia Smith, cofundadora e presidente da Firelight Media. “Apesar de se concentrarem amplamente nas comunidades locais de onde cada cineasta vem, esses projetos revelam que estruturas transnacionais se fazem necessárias para combater as mudanças climáticas, acabar com a discriminação contra pessoas trans ou não conformes com o gênero e preservar as tradições e os direitos à terra dos povos indígenas em todo o mundo. É uma honra apoiar esses cineastas visionários.”

Os cineastas e projetos selecionados pelo Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento de 2023–2024 são:

  • Edward Buckles Jr., Kinfolk (EUA)
    Nova Orleans, no Estado de Louisiana, está passando por uma crise ambiental global e corre o risco de ficar completamente submersa até 2050. Ao mesmo tempo, um processo rápido e drástico de gentrificação está deslocando sua população predominantemente negra. Tendo reuniões cerimoniais poderosas como forma de resistência diante do aumento dos aluguéis e do nível do mar, da violência e da pobreza, este documentário captura a beleza, as raízes e a santidade da cultura negra de Nova Orleans conforme o cineasta Edward “Buck” Buckles Jr. embarca em uma missão para preservar as suas tradições.
  • Daryl Jones e Tim Tsai, Projeto não intitulado sobre Allensworth (EUA)
    Moradores negros e latinos do Vale Central da Califórnia se unem contra o agravamento da crise ambiental e do racismo sistêmico. Allensworth, que já foi um assentamento só de negros, torna-se um campo de batalha pela justiça enquanto os moradores tentam salvar “a cidade que se recusa a morrer”.
  • Kelly Daniela Norris e Teresa Pittman-Chavez, Biological Exuberance [Exuberância biológica] (EUA)
    Inspirado no texto fundamental da ecologia queer, Biological Exuberance comemora a diversidade de gênero e a sexualidade na natureza e expõe o histórico de supressão por parte da comunidade científica. O filme acompanha uma seita de pioneiros da biologia, colocados lado a lado com ecologistas atuais, cujo objetivo é buscar provas amplas de sexualidade entre indivíduos do mesmo sexo e de comportamentos transgênero no mundo natural, derrubando assim a noção hegemônica e opressiva de que a sexualidade queer é um fenômeno específico do ser humano e que existe fora do mundo biológico natural, e não dentro dele.
  • Chica Andrade, House Of Hilton [A casa de Hilton] (Brasil)
    House of Hilton se aprofunda na vida de Erika Hilton, uma mulher transgênero que se tornou um ícone político no Brasil. Misturando ficção e documentário, o filme evidencia a dura realidade da violência contra a comunidade trans.
  • Juan Javier Pérez (Xun Pérez), Sueños que migran [Sonhos que migram] (título provisório) (México)
    Sueños que migran conta a história de Mariano, um jovem maia tsotsil que quer migrar para os Estados Unidos, por um período breve, a fim de ganhar o dinheiro necessário para cumprir um papel tradicional em sua cidade. Ele só não esperava que tal viagem mudasse a sua vida para sempre. Este documentário explora os laços que unem e reconstroem a identidade tsotsil a partir do exílio em Nova Iorque, além de examinar o profundo significado da migração e das origens.
  • S. Leo Chiang, Parachute Kids [Crianças paraquedas] (EUA)
    Parachute Kids é um filme ensaístico em primeira pessoa que analisa a minha experiência turbulenta como menor desacompanhado ao me mudar de Taiwan para os EUA por meio de uma prática incomum e contínua de imigração do Leste Asiático, além de examinar a versão peculiar e agridoce que a minha família tem do sonho americano.
  • Amado Villafaña Chaparro, Sein Zare y la Partícula de Dios [Sein Zare e a partícula de Deus] (Colômbia)
    Seyn Zare y la Partícula de Dios conectará o público local, nacional e internacional com o pensamento indígena do povo de Sierra Nevada. O filme busca colocar o conhecimento tradicional dos mamos para dialogar com conhecimentos relacionados, como física quântica, além das lógicas extrativistas e de mercado do mundo moderno.
  • Genito Gomes, Yvy Pãi Ne’e Aty GuasuTerra Kaiowá, a fala da Grande Assembleia (Brasil)
    Desde o início da história registrada, os povos indígenas Guarani e Kaiowá vivem na terra que hoje é conhecida como Mato Grosso do Sul. Porém, devido às forças da modernização e colonização, esse povo passou por um longo processo de desapropriação. Este filme conta a história da grande assembleia Aty Guasu, onde comunidades indígenas se reuniram para anunciar um movimento de resistência recém-formado cujo objetivo é reivindicar os seus direitos e as suas terras.
  • Shirley Bruno, Fresh/Saltwater Heart [Coração de água doce/salgada] (EUA)
    Fresh/Saltwater Heart é uma meditação visual sobre um coletivo de vozes provenientes de comunidades minorizadas que contam histórias pessoais sobre sua relação com a água de mares, lagos, rios e piscinas. Composto por animações, imagens de arquivo e reconstituições de entrevistas, o filme analisa o papel da água na formação de narrativas comunitárias e histórias compartilhadas, além de destacar como os corpos d’água guardam histórias, tradições e conexões ancestrais.
  • Dinazar Urbina Mata, Pueblo [Povoado] (México)
    “O povoado”, como os habitantes locais se referem ao sítio arqueológico de Tututepec, no México, realiza muitas tradições e festivais anuais onde a comida, a dança e a música da região servem de símbolo para a primeira capital do estado de Oaxaca, que se recusa a ser esquecida. Este documentário mostra como os moradores foram forçados a permitir que os seus costumes mixtecas fossem sincretizados com a religião católica para atender às demandas do mundo exterior.

O Fundo de Pesquisa e Desenvolvimento recebeu o nome de William Greaves, que produziu a revista de televisão seminal “Black Journal(Diário Negro) e mais de 200 documentários durante seus sessenta anos de carreira. Greaves passou a ser considerado o pai do cinema Negro de não ficção e orientou inúmeros cineastas durante sua vida, inclusive o cofundador da Firelight Media, Stanley Nelson. O Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento honra a missão da Firelight Media, que é apoiar cineastas sub-representados ao longo dos diferentes estágios das suas carreiras, tendo no Documentary Lab o carro-chefe da organização por ser um programa de mentoria que se concentra no desenvolvimento de cineastas emergentes. Em 2022, a Firelight Media também ampliou o seu apoio a cineastas em meio de carreira com a criação do Fundo William Graves de Produção em parceria com a PBS.

O Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento recebe o apoio de instituições como Perspective Fund e Jonathan Logan Family Foundation. Para obter mais informações, clique aqui.

Sobre a Firelight Media

Firelight Media é o principal destino para o cinema de não ficção de e sobre comunidades minorizadas. A Firelight Media produz documentários, apoia cineastas de comunidades minorizadas e atrai o público para a sua obra. Os programas da Firelight Media incluem, entre outros, o Documentary Lab (bolsa com duração de 18 meses em apoio a cineastas emergentes vindos de comunidades minorizadas), o Groundwork Regional Lab (apoio a cineastas emergentes vindos do sul e meio-oeste dos EUA e de territórios americanos) e Fundo William Greaves de Pesquisa e Desenvolvimento (destinado a cineastas em meio de carreira vindos de comunidades racial e etnicamente sub-representadas). Firelight Media também produz séries de curtas digitais, incluindo a futura terceira temporada de In the Making, em colaboração com PBS American Masters, e uma coletânea de curtas regionais chamada Homegrown: uma parte de/além de, com PBS.

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